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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

LÍBANO: Anjar

ANJAR (em árabe “Ayn al-Jar”, que significa “água da rocha”, devido ao córrego que brotava das montanhas) é uma cidade do Líbano que se tornou Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1984, mas que teve sua história iniciada muitos e muitos anos atrás. Para se chegar nessa cidade, distante aproximadamente 58 km de Beirute, subimos e descemos por diversas montanhas. A vista é sensacional do topo de uma delas (sem contar o frio devido às nuvens baixas).




A cidade de Anjar, localizada no Vale de Bekaa, foi construída no século VIII e tornou posteriormente um importante centro comercial, pois estava estrategicamente na rota das cidades de Damasco, Baalbek, Beirute e Homs.

A fama desta cidade hoje se deve às ruínas de Anjar (o nome atual deriva do árabe “Ayn Gerrha” que significa “fonte de Gerrha”), que foram descobertas em 1949 durante um estudo arqueológico no Vale de Bekaa. Nesse estudo ficou evidente a planificação do solo similar à das cidades romanas, identificado posteriormente como uma arquitetura Omíada. E de fato foi, pois foi construída pelo Califa Al-Walid ibn Abdel Malek, líder muçulmano no Califado Omíada entre os anos 705 a 715 (período da segunda dinastia árabe).



As escavações descobriram uma cidade retangular cercada por muros de 2 metros de espessura, com cerca de 40 torres laterais, dividida em quatro quadrantes iguais. Lá pude encontrar os restos das ruas, dos souks (mercados, bazares), de um palácio principal do Califa Walid e alguns palácios secundários (conhecidos como “haréns”) e uma mesquita, os quais têm paredes de pé ainda hoje. Também existiam as casas de banhos, conhecidas pelo nome original turco “hamman” (ou banhos turcos ou sauna a vapor).





No centro dessa cidade, bem no centro dos quatro quadrantes, está um monumento “Tetrapylon”, ou seja, uma estrutura contendo quatro pilastras nos moldes das arquiteturas romanas e localizada no cruzamento dos eixos principais das ruas. É impressionante que mesmo ao passar de vários anos ela permanece quase intacta. Os trabalhos de escavação e restauração das ruínas de Anjar ocorreram entre os anos de 1953 e 1975.


São notórios os elementos de decoração contemporânea na construção. Apesar de todo esse planejamento na construção, a cidade de Anjar nunca foi concluída. Ela prosperou apenas por cerca de 30 anos, quando o Califa Ibrahim ibn Al-Walid (filho de Walid) foi derrotado em 744 pelos Abássidas (terceira dinastia árabe) e a cidade parcialmente destruída foi abandonada.



CURIOSIDADES:

As dinastias árabes: Também chamadas de califados, as dinastias são as formas islâmicas de governo que representa a unidade e liderança política no mundo muçulmano, que era o califa (termo quer dizer “sucessor do Enviado de Alá”). O Califado Rashidun (anos 632 a 661 d.C), que teve como primeiro califa o sogro de Maomé, foi quem ordenou conquistar a Pérsia, Iraque e Oriente Médio, mas só foram concretizados no segundo e terceiro califados (Califado Omíada - anos 661 a 750 d.C; e Califado Abássida - anos 750 a 1258 d.C, respectivamente). Houve outras dinastias onde a disputa por terras e seguidores eram maiores a cada califado. Dentre essas surgiu o Califado Otomano (anos 1517 a 1924 d.C), que começou a ser considerado o califado principal e representava a mais poderosa entidade política islâmica até a 1ª. Guerra Mundial. Então, em 1924, o título “califa” foi extinto após a República da Turquia abolir o Império Otomano.


A população de Anjar: A cidade de Anjar é povoada na maioria por armênios, além de libaneses, sírios e outros povos. A propósito, os armênios que tive contato são bem simpáticos, falam um pouco de português e, como muitas pessoas do Oriente Médio, adoram os brasileiros.


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